Por: Yashá Gallazzi
(publicado em seu perfil pessoal no Facebook.)
Bom, vocês me dão licença de fazer um famigerado textão? Lá vai:
Ok, não moro mais em Macapá. Mas vivi lá uns trinta e um dos meus trinta
e três anos e, se me permitem, acho que tenho o direito - e o dever - de falar
um pouco da eleição de lá. Não porque eu seja partidário ou militante de alguma
das forças políticas locais, nada disso. É que, passado o primeiro turno, o que
temos em Macapá não é um confronto normal entre dois projetos adversários, mas
o embate entre o atual prefeito (que tem, sim, falhas) e um candidato que
representa tudo o que há de mais atrasado e danoso na política local.
Vejam, eu não sou da Rede. Não sou amigo nem militante do prefeito
Clécio. Eu, aliás, acho ele muito de esquerda pro meu gosto (e ele deve me
achar uma droga de um reaça, mas segue o jogo). A questão é que, estabelecido o
segundo turno da forma que foi estabelecido, o momento não é mais pra confronto
de "bandeiras históricas", ou qualquer outra retórica ideológica.
Neste segundo turno a questão central, o dever moral é impedir que um candidato
apoiado por Sarney (lembram dele?) e Waldez (lembram dele?) assuma o comando de
Macapá e faça com a cidade o mesmo que fez com os muitos anos de mandato que
teve no Senado: nada!
O prefeito Clécio tem, a meu ver, alguns ajustes a fazer. Não há gestão
perfeita, isso é fato. E, para raiva dos militantes dele, eu não vou fingir que
ele fez um governo dos sonhos, porque não foi assim. Mas também não vou ser
hipócrita de negar que ele, depois de herdar terra arrasada do seu antecessor,
conseguiu elevar o patamar da administração pública em Macapá e, ao final de
quatro anos, deixa legados importantes. Mais que isso, Clécio termina o mandato
sem ter sido levado pela PF num camburão e, sinto dizer, isso faz muita
diferença pra mim. Ainda mais quando lembramos que o prefeito anterior e o
governador atual tiveram o desprazer de experimentar as instalações da PF. E
ambos, nunca é demais lembrar, estão apoiando o adversário de Clécio neste
segundo turno.
Então, se me permitem, a escolha em Macapá, muito antes de ser sobre
projetos, propostas e programas de governo, é uma escolha MORAL! Uma escolha de
CARÁTER! E a moral e o caráter estão acima de preferências partidárias e
pessoais, porque retratam algo maior: os nossos valores como seres humanos.
Agora se trata de escolher um projeto que, por mais imperfeito que seja, está
atravessando a crise sem parcelar salários e sucatear a cidade. Ou, por outro
lado, um "projeto" que está sufocando pequenos empresários,
transformando os hospitais estaduais em matadouros e, não podemos esquecer, é
patrocinado por Sarney.
A pergunta, neste segundo turno, é simples: "Em qual dos dois
candidatos eu posso votar sem ter vergonha de encarar meus filhos nos olhos
depois?" E a resposta é bem clara, né? Então, amigos, não caiam na
armadilha de achar que a eleição é sobre passarelas em áreas de ressaca, tarifa
de ônibus, ou sei lá o quê. A eleição é sobre ter ou não vergonha na cara! E
quem tem vergonha na cara não se mistura com o que há de pior na política do
Amapá.
É o singelo recado que deixo aos meus conterrâneos de Macapá. Não estou
mais aí, mas conto com todos para que o pouco que foi possível avançar não seja
jogado no lixo agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário